quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sintel - eu me rendo (análise do filme)

Desde a quinta-feira passada que eu escrevo algo diferente sobre o filme. Agora desisti. Eu me rendo. Já elogiei, já critiquei, já fiz cópia de backup dele, da mesma forma que já o apaguei depois e copiei de novo. E a cada dia que escrevia alguma coisa... era algo muito diferente do que agora escrevo.

E antes que você me crucifique, como assim mesmo eu fiz... leia até o final, pois não tenho vínculo algum com editoras de livros para APENAS elogiar o filme. Também não estou escrevendo um livro sobre o Blender. Não ganho ou perco quando o Blender se sai bem ou mal. Também não vou dizer que ele foi um filme "LINDO". Não é.

ACHO que eu esperava algo do filme que não está nele. E quando penso assim significa que me decepcionei. A gente meio que se acostumou com algumas coisas que as empresas gigantes colocaram na nossa vida. E, quer queira, quer não, muitos de nós são consumidores de filmes como o "Piratas do Caribe: O baú da morte", "O Curioso caso de Benjamim Button", "2012", "Avatar", "Como treinar seu dragão". Isso resulta na nossa demanda que acaba adquirindo características técnicas e estéticas apresentadas por estes filmes.

Eu sei, muitos, senão todos, estes filmes nem tem muito o que se falar de estética, mas refiro-me à estética da imagem digital, do personagem, cenários e efeitos digitais que enchem os olhos de todos. Assistir a história de uma personagem que, devido a uma ação precipitada chega à via da auto-condenação está muito além do que poder ver um pirata com tentáculos ao invés de barba. Fato.

Se eu considerasse apenas o que disse acima o filme foi, para mim, um fracasso.

ACHO que o pessoal fez um trabalho fantástico. Principalmente quando sei as circunstâncias nas quais eles trabalharam. Chegar onde chegaram com as condições que eles tinham. Eles são quase deuses. Pode crer.

Para quem não sabe, quando assitimos a filmes de grandes estúdios, eles dispõem de uma infra-estrutura tão grande que as vezes é meio difícil até mesmo mensurar. A estrutura do filme Sintel foi basicamente a mesma que está disponível no vídeo abaixo:


Ou, se você preferir, na equipe que está abaixo


Agora, vejamos os dois lados da moeda juntos. No vídeo que segue está uma reportagem da Globo. Sofrível, mas serve. Uma vídeo que mostra parte dos recursos disponibilizados para a realização de grandes produções. A parte a qual me refiro passa a partir dos 00:03:15:00 (três minutos e quinze segundos).



Se eu considerasse apenas isso o filme foi, para mim, o máximo.

Entreatnto, NÃO posso considerar apenas o que citei acima. Sintel está além. Além do filme com seus méritos ou deficiências. Está na proposta da Blender Foundation de dizer: olha, você pode fazer melhor. E considerando o que foi visto no filme cheguei a uma conclusão:

Li recentemente na capa da revista 3D World uma descrição coerente sobre o Sintel que dizia "Com este novo filme de curta-metragem, a Blender Foundation retorna e mostra o que o Blender 2.5 realmente faz..."



Por fim, acho que o filme traz consigo uma quantidade de informações tão grande que o deixa além de um filme. O deixa além de minha análise.

Um comentário:

  1. Excelente sua análise, Arttur. :)

    Também concordo contigo que o que a Blender Foundation conseguiu com esse filme é algo importantíssimo, apesar de algumas falhas.

    Também acho que pelas nossas referências, como você disse, há mesmo pontos a se criticar. Eu, inclusive, acho que as críticas são cruciais para a evolução tanto do programa quanto dos próximos projetos da fundação.

    Estive lendo um artigo recentemente (http://meiobit.com/74613/blender-evoluiu-pode-esquecer-o-coelho-do-mal/) em que o autor fala exatamente sobre isso. Apesar de eu não concordar com muitas coisas que ele diz, eu acho que o ponto em que ele diz que muitos projetos sofrem com o "coitadismo" é bem válido. Justificar erros porque "é software livre" ou qualquer coisa do gênero não ajuda na evolução da ferramenta, artistas e projetos. E, felizmente, a Fundação Blender não sofre disso. :)

    Todos os envolvidos com o filme Sintel devem ser parabenizados pelo trabalho maravilhoso que fizeram, que exigiu muito esforço, talento e dedicação para basicamente tirar leite de pedra, pois trabalharam quase todo o tempo com um programa em estágio alfa. Além disso, também acho que eles provavelmente já sabem os pontos em que deveriam melhorar, ou erros a se evitar. :)

    Felizmente a fundação Blender parece ter um excelente senso crítico, pra não cair nas armadilhas da autopiedade. É esse tipo de coisa que me faz imaginar um futuro cada vez mais brilhante para eles, com essa intenção constante de progredir.

    Grande abraço! :)

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